A história de Tony, o velho maníaco
Por Vexille || 00:13:00 || 7 de ago. de 2006
Era uma tarde fria na cidade de Iowa e as ruas brilhavam de umidade. Na entrada daquela robusta casa de madeira e compensado, uma van ostentava os dizeres México Aeronautica Espacio Administración. Lá dentro, um grupo de velhos amigos conversavam fervorosamente. Mas, alheio à reunião que acontecia lá dentro, um velho sentava sozinho na varanda, falando sozinho em intervalos regulares.
...
Atrás da cerca viva, os três garotos espiavam a varanda da casa pela beirada.
— Olha ele ali.
— Ele tá falando sozinho de novo.
— Deixem o cara em paz. Ele tem transtorno... quer dizer, esquizofrenia. Ou era doença de chagas? Vocês sabem do que eu tô falando. Além do mais, eu acho que ele não tem amigos.
— Ah, cala a boca, Ibraim.
— É. Não foi tu mesmo que colocou merda de gato no pára-brisa do carro dele anteontem?
— É, mas daquela vez ele mereceu. Ele ficou me ameaçando.
— Te ameaçando de quê?
— Não quero falar sobre isso.
...
Enquanto isso, lá dentro.
— Cadê o vô?
— O Tony tá lá na varanda, como sempre.
— Se a sua avó não nos chamasse aqui, guri, aquele velho provavelmente nunca veria gente na casa.
— Pega leve com ele, pessoal — o garoto retrucou, timidamente — Eu não acho que ele tem amigos...
...
Duas horas já haviam se passado desde que o velho Tony tinha se sentado ali. E por duas horas ele esteve gesticulando ao vento e falando obcenidades para quem quisesse ouvir, e pra quem não quisesse também. "Eles vão ver só. Eu tenho tudo gravado. Quando eu morava eu Connecticut, eu sempre comprava suco de laranja importado, minha esposa era granjeira e sempre me trazia umas coisinhas. Mas um dia eu ainda aprendo a jogar gamão." E murmurava alguma coisa sobre advogados e como cortar miúdos de porco.
...
— Eutanásia ainda não é permitido por aqui?
— Ainda não.
— Merda.
...
O velho parou de olhar para o céu e voltou seus olhos para a cerca viva, avistando um dos garotos, que espiava. O garoto estremeceu, fazendo os outros dois perceberem que tinham sido pegos. O velho Tony ficou apenas observando-os, sem se mexer. Fechou os olhos e fez uma cara pensativa. De repente, se levantou bruscamente e gritou:
— Vou falar pra mãe de vocês! — e o jornalzinho do bairro, escrito pelos meninos, foi fechado.
Atrás da cerca viva, os três garotos espiavam a varanda da casa pela beirada.
— Olha ele ali.
— Ele tá falando sozinho de novo.
— Deixem o cara em paz. Ele tem transtorno... quer dizer, esquizofrenia. Ou era doença de chagas? Vocês sabem do que eu tô falando. Além do mais, eu acho que ele não tem amigos.
— Ah, cala a boca, Ibraim.
— É. Não foi tu mesmo que colocou merda de gato no pára-brisa do carro dele anteontem?
— É, mas daquela vez ele mereceu. Ele ficou me ameaçando.
— Te ameaçando de quê?
— Não quero falar sobre isso.
Enquanto isso, lá dentro.
— Cadê o vô?
— O Tony tá lá na varanda, como sempre.
— Se a sua avó não nos chamasse aqui, guri, aquele velho provavelmente nunca veria gente na casa.
— Pega leve com ele, pessoal — o garoto retrucou, timidamente — Eu não acho que ele tem amigos...
Duas horas já haviam se passado desde que o velho Tony tinha se sentado ali. E por duas horas ele esteve gesticulando ao vento e falando obcenidades para quem quisesse ouvir, e pra quem não quisesse também. "Eles vão ver só. Eu tenho tudo gravado. Quando eu morava eu Connecticut, eu sempre comprava suco de laranja importado, minha esposa era granjeira e sempre me trazia umas coisinhas. Mas um dia eu ainda aprendo a jogar gamão." E murmurava alguma coisa sobre advogados e como cortar miúdos de porco.
— Eutanásia ainda não é permitido por aqui?
— Ainda não.
— Merda.
O velho parou de olhar para o céu e voltou seus olhos para a cerca viva, avistando um dos garotos, que espiava. O garoto estremeceu, fazendo os outros dois perceberem que tinham sido pegos. O velho Tony ficou apenas observando-os, sem se mexer. Fechou os olhos e fez uma cara pensativa. De repente, se levantou bruscamente e gritou:
— Vou falar pra mãe de vocês! — e o jornalzinho do bairro, escrito pelos meninos, foi fechado.
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