Sala de Espera

  • Atomic Garden
    Idade: 19
    Lugar: Chapecó, SC.
    Condição: Frescura.
  • Lipedal
    Idade: 19
    Lugar: Santo Ângelo, RS, no meio da roça missioneira.
    Condição: Demofobia e Nerdice Aguda. Foi ao Mundo Real duas vezes, durante as quais ganhou uns graus de miopia devido à exposição ao sol.
  • Vexille
    Idade: 20
    Lugar: Recife, PE. É o único do consultório que mora numa cidade de verdade.
    Condição: Psicose e Esquizofrenia. Obsessão compulsiva por filmes clássicos de terror brutal e trash em geral.

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Cidade cu

Por yusanã || 14:34:00 || 27 de ago. de 2007
Pois é, não atravessei Santa Catarina a pé, mas o fiz de ônibus. No momento escrevo da capital do estado, Florianópolis, na casa de um amigo tão legal que me convidou pra passar um tempo aqui e até pagou minha passagem. Por que ele fez isso? Porque é mais louco que eu, única explicação.

Agora eu pago minha estadia com serviços domésticos que consistem em fazer as compras da semana e cozinhar macarrão com molho branco nos dias pares e macarrão com molho vermelho nos dias ímpares. À noite, a ceia consiste em pão seco com queijo e água para ajudar a descer. Vida de estudante não é fácil. Quer dizer, estudante é meu amigo, eu sou vadio.

Agora eu to numa cidade cu, passando por dias cus. Não tenho nada pra fazer e não tenho vontade de procurar alguma ocupação. Então podem esperar por textos diarinhos bem sem-graças e sem assunto.

Aliás, eu vim pra cá com a passagem paga pelo meu amigo e sem nenhum real na carteira, minha salvação será fazer atividades alternativas de todos os tipos, como visitar os bosques infestados por minotauros ao redor da UFSC, escrever poemas sentado nos bancos, correr atrás de corvos, e assistir "Vale a Pena Ver de Novo". Essas coisas.

Algum leitor é de Floripa e quer marcar um encontro super divertido? É só me convidar e pagar a passagem de ônibus que eu vou. :)

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Post diarinho só para reviver o blog:

Por yusanã || 15:45:00 || 20 de ago. de 2007
Boa-tarde Doutor. Tá mudado aqui, né? Fazia tempo que eu não aparecia... Melhor? Não, não, eu fui consultar-me com outro psiquiatra. Sabe comé, uma segunda opinião. Depois de vinte minutos de conversa ele queria me internar e eu tive que correr de lá. Prefiro o seu método de injeções.

Então, Doutor, deixa eu te contar o que eu fiz ontem. Sabe quando a gente tá naqueles dias? TPM no teu cu, seu filho-da-puta. Tá, desculpa. Baixa isso aí. Eu falo daqueles dias em que a tristeza é tão grande que a gente tem vontade de escrever poemas, sabe? Pois é, então, ontem foi um dia desses. Se eu ficasse sozinho em casa mais alguns minutos eu teria explodido.

Enfim, vesti meu pala e saí sem rumo. Talvez caminhar pela velha Chapecó fizesse-me bem. Que rumo tomei? Acho que o norte. Quando se está sem rumo tudo é norte.

Hã? Pala é tipo um cobertor portátil que a gente usa aqui no sul. Sim, tava frio pra caralho. E uma geada que não deixava ver muita coisa, não. Cara, Chapecó já é uma cidade morta, frio do jeito que tava, e num domingo, acho que eu não vi mais que uma dúzia de pessoas. E elas foram o suficiente para me incomodar.

Fala aí, Doutor, por que é que em todo lugar que eu vou nessa cidade as pessoas ficam me olhando como se eu tivesse matado alguém? Não, eu não tava com o machado. Teve uma família que tava dando uma volta na praça que chegou a parar e apontar pra mim. Eu sei que eu sou estranho, mas falta de educação é foda. O que eu fiz? Ah, eu fiz o que qualquer pessoa demente faria: olhei pra caras deles e gritei "What the fuck are you looking at?", em inglês mesmo, só pra assustar. A mãe puxou a criança pra perto e eles viraram na mesma hora. Depois, quando o resto da praça tava me olhando eu gritei ainda mais alto"What the fuck are you ALL looking at?"
Aí todos olharam pra baixo e fingiram não ter ouvido, só porque não entenderam.

Depois foi um tiozão numa outra rua qualquer. Ele tava saindo do carro e ficou me encarando. Eu tava louco pra gritar com o puto também, mas resolvi fazer diferente. Parei do lado e larguei um "E aí, beleza?" Ele ficou meio perdido:

- Erm, de onde eu te conheço?

- Bicho, sei lá, mas tu tava me encarando eu resolvi puxar assunto. E aí, como é que tá essa força?

- Erm, pois é, tudo certo e contigo? Frio, né? Vi que tu tá bem vestido, tu não é daqui? To indo pro meu escritório, quer uma carona pra algum lugar?

Porra, Doutor, o cara tava me cuidando, depois elogia minhas roupas, aí me oferece carona. Das duas uma, ou ele era mais louco que eu, ou queria me comer. Na dúvida, inventei uma história:

- Não, cara, não posso. Fiz uma promessa, to atravessando Santa Catarina a pé, se eu pegar uma carona não vai valer. Mas se tiver alguma coisa pra eu comer, agradeço.

- Porra, tu saiu de onde?

- Vim de Porto Alegre, cheguei aqui pela BR 282, tu sabe onde eu tenho que ir pra chegar em Xaxim?

- Cara, pega a Fernando Machado, aquela ali do lado e segue reto, vai sair no trevo.

- Beleza. Tchau. Valeu aí.

- Erm, té mais.

Sociopata é a puta que te pariu, Doutor. Eu só queria me divertir. Vai tu querer me internar, também? Ah, vão tomar no cu os psiquiatras todos.

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