Sala de Espera

  • Atomic Garden
    Idade: 19
    Lugar: Chapecó, SC.
    Condição: Frescura.
  • Lipedal
    Idade: 19
    Lugar: Santo Ângelo, RS, no meio da roça missioneira.
    Condição: Demofobia e Nerdice Aguda. Foi ao Mundo Real duas vezes, durante as quais ganhou uns graus de miopia devido à exposição ao sol.
  • Vexille
    Idade: 20
    Lugar: Recife, PE. É o único do consultório que mora numa cidade de verdade.
    Condição: Psicose e Esquizofrenia. Obsessão compulsiva por filmes clássicos de terror brutal e trash em geral.

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Quase, hein?

Por yusanã || 20:57:00 || 4 de jun. de 2006
Ah, as experiências de quase-morte. Todo mundo já quase foi atropelado, sentou na sacada e quase caiu de cabeça do 37º andar e teve um frio na barriga de uns 3 minutos e meio, foi atacado por texugos sanguinolentos da floresta e conseguiu correr até em casa e fechar a porta segundos antes de perder a perna. Todos já escaparam por um triz de alguma tragédia a ser lembrada por gerações na sua família. Eu não sou excepção. Quer dizer, talvez seja porque eu já escapei de muito mais tragédias que as outras pessoas. Porém divago.

O cenário do meu acidente mais fantástico foi a cidade paulista de São José do Rio Preto, eu deveria ter uns 12 para 13 anos e estava lá para assistir um Magistral de Xadrez e depois jogar um torneio aberto. Como algum de vocês sabem, eu, infelizmente, ainda não aprendi a defecar notas de 50 reais, portanto era obrigado a me contentar com os alojamentos oferecidos pelas organizações dos torneios.

O alojamento deste torneio em questão foi em um ginásio ao lado do SESC daquela cidade, e vou te contar uma coisa: um dos piores lugares que eu já tive a infelicidade de dormir na minha vida. Começando que contrataram um formando em Biblioteconomia para ser o arquiteto daquela porra. Imaginem vocês que para podermos chegar até nossas camas, tínhamos que atravessar o banheiro masculino do ginásio. Vou até fazer um desenho para explicar melhor:

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Logicamente, não existiam apenas 6 camas, e elas eram todas retas e do mesmo tamanho.


Olhem só como foi bem projetado o negócio. Você volta do torneio após uma cansativa partida de 4 horas, e antes de poder deitar na sua cama precisa passar por um corredor contendo homens pelados ensaboados de um lado e homens pelados fazendo força para cagar do outro. Horrível só de lembrar. Coitados daqueles que foram chegando mais tarde e tiveram que se contentar com as camas exatamente ao lado dos sanitários. Junte o cheiro de merda com o calor que é estar num cubículo embaixo de uma arquibancada e sem janela nenhuma em pleno mês de janeiro. Agora vá lá beijar sua cama e seu colchão para agradecer o lugar que você dorme, ingrato.

Enfim, numa das noites, depois de ter jogado a rodada do torneio, voltei para o alojamento e deitei-me no "primeiro piso" de uma cama qualquer. Ah sim, as camas eram treliches bem altos, eu não tinha dito isso ainda, né?

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O primeiro piso é o do meio, seu idiota. O mais embaixo é o térreo.

Não satisfeito apenas em deitar e relaxar, meu corpo e minha hiperatividade resolveram que seria bem legal brincar de desencaixar e encaixar a cama acima usando as pernas. Não, entenderam? Vou desenhar:

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Enquanto meus amigos chegavam eu fiquei lá brincando de exercitar a panturrilha com a parte mais alta do treliche. Enquanto as pessoas iam a vinham, a cama subia e descia. Parecia tudo muito legal para um idiota de 12 anos. E na verdade estava tudo muito legal até a inevitável cagada acontecer. Numa das subidas da cama, algum dos meus amigos largou uma piada ou frase muito engraçada (ou nem tanto assim, já que não lembro) e eu comecei a rir tanto que perdi a força nas pernas. Aí vocês imaginam o que aconteceu:

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Um dos lados ficou encaixado quando caiu, e o outro veio direto na minha cabeça. A pancada em si não doeu muito, na verdade foi até engraçada. Todo mundo que já estava rindo da situação pseudo-engraçada antes, agora estava rindo de minha situação realmente engraça. O problema foi que assim que ela bateu na minha cabeça, resolveu que o meu pescoço seria o lugar mais confortável para se acomodar. E lá fiquei, todo mundo em volta rindo e eu sem forças para tirar aquele negócio de cima de mim.

- Mas tu é burro né Yusanã? dhajsdhasjkldhasjkldhajkld

- Erm, eu não consigo levantar isso.

- Quê? hasjkdhasjdkahsdjkahdajk

- Eu não consigo respirar.


- Ahn? shdasjkdhasljkdhasljkdhaslkjdhask

- Tira isso de cima de mim...

Aí alguém entendeu que eu estava sofrendo uma experiência de quase morte e resolveu me ajudar. Depois de ter respirado o suficiente para conseguir ficar de pé, levantei e gritei:

- BANDO DE FILHO DA PUTA, EU IA MORRER E VOCÊS IAM FICAR ME ASSISTINDO, NÉ CARALHO?

- AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

- :(

Depois disso resolvi me mudar para a cama mais alta, mesmo sabendo que minha hiperatividade transformava essa simples escolha num suicídio. Caí do "segundo-andar" da cama duas vezes numa mesma noite e voltei pra casa com um hematoma na bunda da segunda queda. Mas para o meu próprio bem, não me deixaram mais deitar em cama nenhuma que tivesse algo que encaixasse e desencaixasse em cima.

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