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Lipedal no Mundo Real - Parte 1

Por Lipedal || 01:16:00 || 28 de mai. de 2006
Tô em Santo Ângelo. Ia sair festa dos novatos sexta à noite, e churrasco sábado de meio-dia, mas nem um nem outro deu certo, e eu me mandei aqui pra casa.

Nossa, como eu tava com saudades do meu teclado.

Vamos ao ponto. Tava com uma vontade dos infernos de vir pra casa de uma vez e poder escrever um post legal no Dr. D, contando minhas desventuras no Mundo Real e tudo o mais. O problema é que eu me liguei que não são tantas desventuras. Pra mim é um mundo totalmente diferente, morar quase sozinho e tudo o mais, essa semana pareceu durar dois meses, tô deslumbrado. Mas o que eu vou dizer aqui? "Oi, terça eu perdi minha pasta no ônibus kkkkkkk"? Depois da aventura do Atomic na Herbalife, dá até vergonha de escrever qualquer coisa.

Mas vou tentar. Teclado bom do cacete, hein.

...

Segunda-feira tivemos trote. Trote é um negócio sádico que serve para os perdedores do semestre passado descontarem sua raiva e "se vingarem" do trote deles nos pobres coitados que acabaram de chegar na faculdade. Em outras palavras, é uma ferramenta de integração.

Eu achava que o trote seria sexta-feira, ontem, mas os astutos veteranos avisaram no orkut que a parada ia sair na segunda. Eles são bonzinhos, então já avisaram de antemão que era pra ir com roupa velha e que pudesse ser jogada fora. Como os leitores devem saber, eu estava sem acesso à internet até terça-feira. Não precisa ser nenhum gênio pra calcular que fui com minhas melhores roupas pra universidade.

- E aeee bixo! Preparado pro trote hoje?
- Hehehe!
- Só tamo esperando a gurizada.
- Hehe.
- Veio com roupa velha?
- He... Tu tá falando sério?
- Sim, a gente avisou no orkut ontem.
- Putz.

*entra em cena Murilo, meu colega*

- E aí!
- Porra Murilo, tu sabia que o trote ia sair hoje?
- Mas claro, eles avisaram no orkut ontem.
- Putz.
- Eu olhei e pensei "bah, o Felipe deve tá sem internet".
- E tava.
- Mas daí deu preguiça de te mandar mensagem.
- ...

O pessoal foi chegando, entre bixos e veteranos, e perto das 14:30 os carrascos mandaram a gente fazer elefantinho pra ir até a parada de ônibus.

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Ah sim, já ia esquecendo. A parada de ônibus, considerando o tamanho do campus, fica a uma distância considerável, calculo que umas cinco ou seis quadras se estivéssemos andando na cidade.

Óbvio que tinha uma parada bem na frente do Centro de Tecnologia. Mas você não achou que eles iam fazer a gente andar só 50 metros, achou?


Ah sim, as escadarias! Cada degrau parece ser quatro quando se está fazendo elefantinho.

Enfim pegamos o ônibus. Avisaram: "bixo não senta". Todos os calouros sentaram, e até tentei fazer uma revolução gritando "veterano não senta", mas não teria graça. A emoção tá em ser sodomizado sem dó pelo pessoal do segundo ano. Levantamos e fomos em pé até o Parque Itaimbé, no centro de Santa Maria.

Pra começar, um pouco de tinta na cara. Um mais corajoso, que mais tarde cortou o cabelo e depilou a nuca com cera fria, resolveu que seria divertido passar a tinta de um para o outro. Depois de zoarmos o coitado devidamente, colocamos a idéia em prática.


O da esquerda é o macho.

Sem duplo sentido, por favor.

Ele é o cara macho, o que teve colhões pro trote.

Enfim, depois os veteranos sacudiram uns litros de refrigerante e abriram gentilmente perto de nossas caras. Emoção pura, pela primeira vez na vida vi um refrigerante esguichar gás sem ser fechado desesperadamente antes de acabar a coisa. Depois disso fizeram plaquinhas com apelidos. Só eu e o Murilo ficamos sem apelidos, mas nem reclamamos. O Murilo tava preocupado com outra coisa.


Murilo, sinta-se feliz. Você agora é conhecido mundialmente. Ah, já ia esquecendo da depilação em massa. Alguém encontrou uma espátula atirada no gramado, perto de onde um cachorro acabara de devolver à terra o almoço de domingo, e ela foi usada pra passar a cera fria em nossas pernas. Ui.


Note a cara de psicopata do Jesus. Esse cara é foda, só perdendo pra um que anda de casaco do curso e Havaianas, e que largou preguiçosamente um "pô, eu acho Gustavo um nome legal, sabe? Eu queria ser Gustavo", quando um colega quis trocar seu login no Laboratório de Informática.

Durante a depilação aconteceu um fato curioso. Alguém lá no meio fez um comentário sobre quanto a depilação com cera quente deve ser dolorida, se assim já é torturante. Eis que o companheiro Breno exclama: "não, cera quente nem dói!". Em meio às gargalhadas do povo, o rapaz ganhou uma plaquinha com o apelido "cera quente".

Falando nas placas, o colega russo Andrei Mikhailov foi carinhosamente apelidado de Sergay Mylove, um cabeludo ganhou uma armadura de Highlander e um outro, cujo sobrenome foi retirado a pedidos, carregou um Caralho no peito durante algumas horas. Infâmia pura. Ah, sem contar o Visconde. O cara é uma figura. Note a expressão de dor, de angústia:


ANTES


DEPOIS

Esse mesmo rapaz meigo e tranqüilo quase arrancou uma muda de árvore na frente de uma casa mais tarde, já bêbado, e só parou porque alguém disse "duvido tu arrancar o poste de luz".

Bom, depois da depilação e das plaquinhas, ainda despejaram um líquido fedido demais em nossas costas e/ou cabelos. E/ou bundas, caso a vítima fosse meio descuidada. Esfregue um pouco de alho no seu sovaco e despeje o caldo do miojo de ontem no desodorante, misture a gosto, cheire e imagine algo dez vezes pior. Ainda tá fraquinho, acredite. E ainda veio ovo e farinha por cima. A parte divertida foi brincar de carrasco e poder jogar ovo e farinha nos colegas.


Depois disso, cada um ganhou um balão pra encher. Os mais preguiçosos desdenharam e encheram só um pouquinho. Cada um desses se ferrou belamente, porque a atividade seguinte envolvia balões, órgãos genitais e uma criatura de 60 quilos em cima dos dois itens anteriores. Se o negócio não fosse grande suficiente pra estourar rápido, já viu.


Se o balão não fosse grande suficiente. Vocês entenderam.

Ainda teve brincadeira de rodar 10 vezes apoiado num pedaço de pau, pra depois tentar acertar um negócio com ele. O negócio tava pendurado na árvore. Alguém acertou a árvore, arrebentou o pedaço de pau e acabou a brincadeira. Fomos de mãos dadas até uma outra praça, que tinha um bar em frente. Depois disso fui pra casa do Murilo, porque eu nunca iria poder entrar num ônibus daquele jeito. Dormi em Santa Maria mesmo, e dizem as más línguas que a casa do coitado fede até hoje.

...

Como não vou poder escrever um post grande tão cedo, permitam-me continuar com mais aventuras do Mundo Real.

Como devo ter falado em algum lugar aqui e repetido algumas vezes em alguns lugares aqui, tô morando com meus avós, blá blá blá, que fica a uns 30km da universidade. Minhas aulas acabam às 18:30 ou às 20:30, mas só tem ônibus pra voltar pra casa às 19:00 e às 22:30. Sendo assim, nas terças, quartas e quintas eu preciso vagabundear por duas horas até a chegada do ônibus.

E foi na terça-feira que aconteceu o próximo causo, que já citei nos comentários por aí. Era, de acordo com a TV, o dia mais frio do ano. Ou o dia mais frio foi segunda? Não, acho que terça mesmo. Dedos congelados, nariz congelado, órgãos internos congelados, usando uma calça do Grêmio do irmão do Murilo, lá estava Felipe lendo A Vida, o Universo e Tudo Mais no posto da universidade. Depois da aula de Cálculo "A", ler um livro legal com os dedos, o nariz e os órgãos internos congelados era uma bênção.

O ônibus chegou, guardei o livro e entrei, percebendo logo depois que os assentos estavam todos lotados. Larguei a pasta naqueles bagageiros em cima das poltronas e viajei em pé. Viajar em pé a cerca de 120km/h em uma estrada esburacada é uma emoção só, vou te contar. Matei a saudade que eu tinha de surfar na praia. Surf no ônibus é diversão pura.

Mas mesmo empolgado por flutuar a cada buraco da rodovia, não me saía da cabeça que a passagem custava R$4,05 e que eu só tinha uma nota de 50 reais na carteira. Chegando em São João do Polêsine, peguei minha pasta e fiquei esperando o motorista adivinhar em que rua eu queria parar. Ele ficava olhando pra trás, mas eu imaginei que ele tava contando quantos desciam em Polêsine. Mais tarde descobri que só eu descia em Polêsine, e que ele tava olhando pra mim e esperando eu fazer algum sinal sobre quando parar. Mas como eu não percebi isso logo, o motorista acabou parando na frente da rodoviária, a umas 5 quadras da casa dos meus avós, o que nesse caso significa "do outro lado da cidade".

Cheguei lá na frente, larguei a pasta no painel e perguntei pra ele quanto era. "Quatroecinco, de preferência trocado". Pelo tom de voz, "de preferência trocado" soava como "tu não me vem com uma nota de 10 senão tu apanha". Olhei pra nota de 50 na carteira e estremeci. Puxei ela pra fora com um gemido e coloquei sobre a coisa de couro que nos separava, da qual agora esqueci o nome. "MAS AÍ SIM!", ele respondeu gentilmente, num tom de voz que me fez ouvir "ERA SÓ O QUE ME FALTAVA, SEU FILHO DUMA ÉGUA. DA PRÓXIMA VEZ TE ATROPELO, VIU!". O motorista entregou o troco e me despachou pra fora, porque eu já tava demorando demais lá.

Saí aliviado. Talvez até demais. Me sentindo meio leve e tal. "Deixa eu ver se tá tudo aqui: carteira, celular, past... merda". Olhei pra trás e o ônibus já tava dobrando a esquina, em direção à estrada. Comecei a correr como um condenado, o que me fez quebrar uma teoria de terceira série. Parece que foi ontem:

- Felipe, vamo apostá uma corrida?
- Vamo, mas eu ganho.
- Nem ganha.
- Eu corro mais que um ônibus da Efal da linha Santa Maria - Nova Palma, no dia mais frio do ano, sem gorro nem luva e morrendo de fome.
- Meu pai é maior que o teu.

Esse momento, juntamente com muitos outros, passaram pela minha cabeça enquanto o celular voava para o meio do asfalto, enquanto meus cadarços dançavam e meu cabelo sacudia lentamente ao som imaginário de Carruagem de Fogo. Isso na minha cabeça. Para o carro que passava aí do lado, a coisa tava mais pra uma galinha manca fugitiva que tinha problemas de personalidade e achava que era o Sonic. E cujo celular tinha voado para o meio do asfalto.

Fiz um sinal para o carro enquanto corria. Uma cabeça saltou pra fora.

- Que foi, cara?
- PERDI MINHA PASTAAAAA
- Tá, calma, a gente vai alcançar o ônibus e dizer pra ele esperar no posto.

Imagine a cena da corrida anterior multiplicada por três. Três quadras de puro sofrimento, correndo ao longo de uma rodovia sem iluminação alguma, demarcando os limites da cidade. Ou uma galinha manca fugitiva que tinha problemas de personalidade e achava que era o Sonic, o Tails e o Knuckles juntos, como em Sonic Heroes. Cheguei no posto arfando desesperadamente, quase morrendo, enquanto o ônibus sumia na escuridão e o carro me esperava no acostamento. "Beleza, carona até alcançar o ônibus e depois peço pro meu vô me buscar na cidade onde eu for parar". Cheguei do lado do carro, uma cabeça de mulher saltou pra fora.

- Menino, sabe se o Franciel desceu aqui?
- MINHA PASTAAAAA
- Porque ele geralmente desce aqui em Polêsine, só que dessa vez não vi ele.
- AAAAA
- Vai ver que ele tava no outro ônibus, o que veio antes.
- Minha... pasta...
- Bom, tu não deve conhecer o Franciel.
- Não *puf, puf* conheço.
- Brigado então, se a gente ver o motorista do ônibus, digo pra ele deixar a pasta aqui no posto.

E foi embora. Voltei a tempo de ver meu celular tocando no meio da estrada, atender e dizer que já tava chegando em casa.

Até agora tô sem minha pasta.

...

E pra finalizar em grande estilo, uma pérola da série "Coisas que você vê enquanto dá uma mijada no banheiro do último andar":

CHUPASSE PISSA DE ALUNO PAUSUDO OU PROF CANDIA - GURIZAO_SM@HOTMAIL.COM

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