Sala de Espera

  • Atomic Garden
    Idade: 19
    Lugar: Chapecó, SC.
    Condição: Frescura.
  • Lipedal
    Idade: 19
    Lugar: Santo Ângelo, RS, no meio da roça missioneira.
    Condição: Demofobia e Nerdice Aguda. Foi ao Mundo Real duas vezes, durante as quais ganhou uns graus de miopia devido à exposição ao sol.
  • Vexille
    Idade: 20
    Lugar: Recife, PE. É o único do consultório que mora numa cidade de verdade.
    Condição: Psicose e Esquizofrenia. Obsessão compulsiva por filmes clássicos de terror brutal e trash em geral.

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Surpresa!

Por yusanã || 21:40:00 || 7 de jun. de 2006
- Hmmm, olha se não tá a cara do pai!
- Uff. (Ou outro grunhido característico)

- Má Dio! Esse guri tá muito magro, vai ficar anêmico daqui um pouquin.
- Uff... (Ou outro grunhido característico)

- Ô rapaz, e essa barba aí? Não tem barbeiro lá no teu bairro? Se quiser o tio te leva pra cortar o cabelo e a barba. - risos espaçados e falsos.
- Uff... (Ou outro grunhido característico)

Festa na casa de minha avó é sempre assim. Eu chego, cumprimento todos os parentes por educação e arranjo alguma desculpa para sentar-me em frente a TV, que só pega Rede Globo e SBT mas ainda assim é menos chata e mais interessante que todos os meus parentes juntos.

A festa de hoje era uma surpresa para o aniversário de minha prima que voltaria da faculdade a qualquer momento. Todos lá fora ansiosos para parabenizar a dita cuja e eu assistindo o funeral de um tal de "Osmar Pasquim". Sério mesmo, o primeiro filho da puta que teve a idéia de fazer uma festa-surpresa deveria ser acordado todas as madrugadas, de hora em hora, por um coro de negonas evangélicas gritando "SURPREEESA!" e em seguida ouvir um parabéns pra você com coreografia e dançadinhas de pescoço. Esse tipo de gente precisa aprender a não incomodar a paz de pessoas que já fizeram questão de não convidar ninguém para uma festa de aniversário porque queriam chegar em casa e dormir. Aliás, assim que minha prima viu todo o pessoal reunido começou a chorar. Agora eu não sei se ela estava chorando porque alguém lembrou que ela existe ou porque teria que aguentar mais uma festa chata. Tadinha.

Enfim, acho que todos vocês já sabem que eu não sou o tipo de pessoa que podemos chamar de sociável. Não faço festa por motivo nenhum e a única vez que tentaram fazer uma festa surpresa para mim, o convidado principal acabou sendo o maldito Murphy, e tudo deu errado como sempre.

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O ano era 2003, eu tinha acabado de ganhar meu primeiro estadual de xadrez na cidade de São Bento do Sul, e minha mãe achou que seria uma ótima idéia esperar-me com uma festa de comemoração com muita carne no espeto para encher meu estômago e muitos parentes babacas para encherem meu saco. Tudo foi friamente calculado, eu liguei avisando que chegaria em Chapecó às oito horas da noite e que ligaria pedindo carona assim que chegasse.

Então, minha mãe passou a tarde arrumando a casa para reunir a família e ligando para uma porrada de convidados. Enquanto isso, em alguma estrada de Santa Catarina, estava eu viajando em uma Kombi da Prefeitura. Sim, sim. Uma Kombi. Aquele típico carro que quando você vê na rua, aponta e faz alguma piadinha do tipo "Esse tá indo pro ferro velho!". Pois nós estávamos indo para o frigorífico gigante chamado Chapecó com um desses. No meio da viagem, a Kombi faz um barulho estranho e pára de funcionar. O motorista e meu técnico resolvem descer para dar uma olhada:

- Ihhh.
- Que foi?
- Fodeu.
- Fodeu, é?
- Fodeu.
- Putz, e agora?
- Vamos precisar de um mecânico.
- Hmmm, acho que eu vi uma mecânica a uns 300 metros atrás.
- Aquela casa marrom grande com um pneu na frente?
- Essa mesmo!
- Ah, não é mecânica não. É um puteiro.
- Então fodeu mesmo.
- Ah, e se fodi mermão! Peguei uma loirinha...
- Não, não. A Kombi.
- Ah, essa tá fodida mesmo.

E assim ficamos parados no meio da estrada por muito tempo até conseguirem um mecânico para arrumar aquela porcaria. Enfim, nos atrasamos por apenas 5 horas do horário previsto, o que significa que quando eu cheguei em casa encontrei-a toda revirada, mais ou menos como se tivesse dado uma puta festa. Deram-me um pouco de carne fria com um restinho de arroz que deve ter sobrado dos outros pratos e foram todos dormir. E eles pareciam todos muito bravos.
Só não entendi o porquê.

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